Artigo
Chover no Molhado
por Graziela Merlina*
Antes de começar acho que vale dar um contexto para esse título. Algumas vezes me deparo usando expressões da minha época de Geração “X” e percebo que alguns(mas) colegas de trabalho, bem mais novos(as) do que eu, me olham com cara de “não tenho ideia do que você está falando”.
Então, prefiro pecar pelo excesso e explicar aqui sobre o uso dessa expressão: chover no molhado. Uma expressão figurativa que significa repetir o que já é sabido, conhecido. Ser redundante. Repetir o que todo mundo tá falando. Ou seja, pra muitos(as) estou chovendo no molhado ao explicar isso aqui.
Então, vamos ao que interessa. Por que esse nome? Porque estamos no mês do Setembro Amarelo, mês de valorização da vida, que foca sua campanha na prevenção de suicídio.
Tenho certeza que você tem ouvido muito falar sobre saúde mental, autocuidado e atenção plena. E mesmo assim, sou capaz de arriscar dizer que você ainda se flagra se descuidando de você mesma(o), desatenta(o) com a toxidade de alguns ambientes ou situações, fazendo as coisas no piloto automático.
Então, vou chover no molhado sim e falar mais uma vez do que importa e que você já sabe.
Seu corpo físico é seu templo. Ele te dá energia e força pra amar, vencer seus desafios, movimentar-se, estar onde e com quem precisa estar. Cuidar da saúde do seu corpo físico é dar valor ao seu templo. Então: cuide de sua alimentação, do seu sono, das suas atividades físicas, dos seus momentos de relaxamento, do que escolhe vestir. Fique de olho em dores e incômodos, e pare de achar que é normal e passa logo. Mantenha uma rotina saudável de consulta médica e exames. Repito: saudável! Sem exageros.
Seu corpo emocional é quem te dá as maiores pistas sobre a ação que está sendo pedida em sua vida. As emoções têm suas funções. Aprender a acessar, reconhecer e nomear as emoções cria verdadeiros atalhos para o desenvolvimento pessoal. Dá trabalho sim, eu sei. Mas que tal sentir de verdade?
Tá com raiva? Pergunte-se que aspecto da sua vida está precisando de ação. Raiva é energia que te movimenta e te faz criar soluções, mas sem essa consciência a usamos contra outros(as) ou contra nós mesmos(as).
Tá triste? Talvez esteja se deparando com alguma ilusão ou expectativa não alcançada. Ela é fonte para nos ajudar a reconhecer a realidade.
Tá com medo? Que bom. Você é humano, e quer responder acertadamente aos desafios da vida. Essa emoção pode estar lhe indicando a necessidade de preparar-se para o desconhecido ao invés de evita-lo.
Tá alegre? Os impulsos gerados pela alegria fortalecem sua energia para enxergar e aproveitar a vida com prazer. Uma emoção que te conecta com sua autoestima e te faz estar consciente de não entrar na arrogância ou vaidade.
Só pra dar alguns exemplos aqui.
Seu corpo mental pede cuidar da qualidade das suas ideias e pensamentos. Não é simples lidar com as multidões que vivem dentro de nós. Muitas vezes, elas até nos levam a pensamentos contraditórios. As pausas, o silêncio, a contemplação, meditação, práticas terapêuticas nos ajudam a silenciar e ao mesmo tempo a escutar e organizar nossos diálogos internos. E claro, um bom papo com amigas e amigos ajuda demais. Rir de si mesmo(a) ainda é um bom remédio. Lembre-se que você não precisa estar só para resolver seus problemas. Não espere chegar ao limite do “não aguento mais”.
Começar por onde? Talvez a melhor ação que você pode fazer a si mesma(o) nesse início de Setembro Amarelo para que possa cuidar de si, e ao mesmo tempo, estar mais perto de quem precisa de ajuda, é dedicar um tempo a responder a pergunta: “Por que não estou fazendo o que sei que é importante para minha saúde física-emocional-mental?”
Já sei que dá uma boa prosa...
Vidas importam!
*Graziela Merlina - Conselheira do Capitalismo Consciente Brasil | Idealizadora do HUB Consultores Conscientes @CasaMerlina | Fundadora do Instituto Emana | Palestrante | Mentora & Investidora Social.